Texto de minha autoria, submetido à Câmara Municipal de Lins para embasar o Projeto de Decreto Legislativo Nº 10/2022, de autoria do Vereador Álvaro Paulozzi, aprovado em 02/05/2022.
AOS NOBRES MEMBROS DA CÂMARA MUNICIPAL DA CIDADE DE LINS/SP
Sirvo-me da presente para comunicar o inicio das comemorações do Bicentenário do Grande Oriente Brasil. E imbuído do espírito de democratizar o conhecimento, peço licença para brevemente expor um pouco do que denominamos nosso Poder Central.
Sempre que sete ou mais maçons estiverem reunidos em assembleia, dá-se a esta reunião a denominação de Loja. Esta designação deriva do termo britânico Lodge, ou alojamento. Que remete ao espaço de descanso dos construtores de templos e castelos da idade média, origem de nossa Instituição. Quando um grupo de Lojas se organiza em uma federação, têm-se então uma Obediência Maçônica, que é presidida por um Grão-mestre, ou seja, um Mestre Maçom experimentado, eleito entre seus pares para servir de guia, e falar em nome dos maçons.
A história dos Maçons no Brasil começa em julho 1797, quando maçons iniciados em outros países se reuniram em águas territoriais da Bahia, a bordo da fragata francesa “La Preneuse”.
No mesmo ano, foi criada a Loja Cavaleiros de Luz, na povoação da Barra, Bahia.
Com o passar dos anos, o crescimento no número de Lojas, a iniciação de Brasileiros natos, e as articulações realizadas durante a mobilização pelo Dia do Fico, em 17 de junho de 1822 é instituído na cidade do Rio de Janeiro, o Grande Oriente do Brasil. Seu primeiro Grão-mestre foi José Bonifácio de Andrada e Silva, sendo depois sucedido pelo príncipe regente D. Pedro I. Também ocuparam este cargo outras importantes figuras da história do Brasil, como Manuel Deodoro da Fonseca, Quintino Antônio Ferreira de Sousa Bocaiuva, Lauro Nina Sodré e Silva e Nilo Procópio Peçanha, entre tantos outros.
Quando em 1960 o Brasil transfere sua capital para Brasília, o Grande Oriente do Brasil também se muda para a nova capital, e hoje está instalado no Palácio Maçônico "Jair Assis Ribeiro". Sua antiga sede no Rio de Janeiro, o Palácio do Lavradio, ainda existe, e por ocasião deste ano festivo está aberto à visitação pública.
Hoje, o GOB, é a mais antiga Obediência Maçônica instalada no Brasil. Sendo também, a maior da América Latina em número de Maçons e Lojas. É reconhecido por mais de 100 Obediências regulares do mundo, além da mais antiga delas, a Grande Loja Unida da Inglaterra de 1813.
O Grande Oriente do Brasil, atuou de forma determinante na Independência do Brasil, na Proclamação da República e na Abolição de Escravatura no Brasil. Por este e outros motivos, sofreu ao longo de sua história a perseguição dos intolerantes, razão pelo qual mantém-se discreta, e atuante, praticando a beneficência de forma desinteressada, e colaborando com a formação de novos líderes para o Brasil.
Comemorar os duzentos anos do Grande Oriente do Brasil, é valorizar a importância histórica de importantes Maçons Brasileiros, como Ademir da Guia, Afonso Pena, Altino Arantes, Albuquerque Lins, Benjamin Constant, Bento Gonçalves da Silva, Bezerra de Menezes, Campos Sales, Carlos Gomes, Castro Alves, Deodoro da Fonseca, Diogo Antônio Feijó, Epitácio Pessoa, Eusébio de Queirós, Floriano Peixoto, Frei Caneca, Hamilton Mourão, Hermes da Fonseca, Irineu Evangelista de Sousa (Visconde de Mauá), Jânio Quadros, Padre João Ribeiro, Joaquim Gonçalves Ledo, Joaquim Nabuco, José Bonifácio de Andrada e Silva, José do Patrocínio, Júlio Prestes, Luís Gama, Mário Covas, Nilo Peçanha, Oscarito, Padre Antônio Pereira, Prudente de Morais, Quintino Bocaiuva, Rodrigues Alves, Ruy Barbosa, Saldanha Marinho, Lauro Sodré, Venceslau Brás e Vinicius de Moraes, dentre outros.
Em Lins, O Grande Oriente do Brasil é representado desde 14 de julho de 1921, quando no município recém emancipado, foi fundada a Loja “Promotores da Luz”, sob registro 958 no GOB. Em junho de 1927 foi fundada a Loja Maçônica União e Fraternidade – 1035, que em 30 de dezembro de 1929 fundiu-se com a Loja Maçônica União Nipônica – 1054), fundada em 3 de setembro de 1928, quando alterou seu nome para Loja Maçônica União Nipo-brasileira, mantendo-se o cadastro 1054.
Em 5 de junho de 1944, como consequência da perseguição aos Japoneses e seus descendentes por conta da segunda guerra mundial, a Loja alterou sua designação para União Brasileira, nome que permanece desde então.
Já em 1974, a Loja União Brasileira optou por aderir ao movimento de fundação das Grandes Lojas, decidindo por desfiliar-se do Grande Oriente do Brasil. Mas um grupo formado por 13 membros daquela Loja permaneceu fiel ao GOB, e em 22 de agosto daquele ano criou a Loja Maçônica Justiça e Lealdade de número 1908.
Assim, Lins conta hoje com 5 Lojas Maçônicas em atividade, sendo elas Justiça e Lealdade, e a Fraternidade Acadêmica Justiça e Lealdade, ambas vinculadas ao Grande Oriente do Brasil, as Lojas União Brasileira e Arquitetos da União, filiadas às Grandes Lojas do Estado de São Paulo e, finalmente, a Cavaleiros de Nostradamus que é filiada ao Grande Oriente Paulista.
Outras duas Lojas que, embora atuem na cidade de Getulina, mantém estreita relação com as Lojas de Lins, e por isso foram incluídas nesta obra. São elas a Estrela de Luz (GOB) e a Loja Liceu (GOP).
Desta forma, convidamos os nobres Vereadores do município a se juntarem a nós neste histórico.
Referências:
Castellani, José. História do grande Oriente do Brasil; A Maçonaria na História do Brasil, Brasília - Gráfica e Editora do Grande Oriente do Brasil, 1993.
de Toledo Barros, Milton A. Fragmentos de Maçonaria; Editora Maçonica "A Trolha" Ltda. Londrina-PR, 1993.